Combater a dor crónica dos pacientes com Lesão Medular (LM) com recurso a realidade virtual e interface cérebro-computador é o objetivo do “Chronic Pain control in Spinal Cord Injury: an interdisciplinary study in neuroscience, art, nursing and ethics” (ReliefPain), um projeto de investigação interdisciplinar da Universidade Católica Portuguesa no Porto, que alia as Artes e a Tecnologia às Ciências da Saúde.
O projeto dedicou-se ao desenvolvimento de um sistema de integração de realidade virtual (VR) e de interface cérebro-computador (BMI) não invasiva num protocolo de neuroreabilitação para pacientes com dor crónica em condição de paraplegia por lesão na medula espinhal. “Pretende-se contribuir para a exploração de novos paradigmas de tratamento e reabilitação, potencialmente com melhores resultados do que as estratégias tradicionais, como é exemplo a fisioterapia,” refere Carla Pais-Vieira, investigadora do CIIS, e acrescenta “tudo em prol da redução significativa dos níveis de dor e da melhoria da qualidade de vida dos pacientes com LM.”
Desenvolvido no âmbito do financiamento interno para projetos interdisciplinares da Universidade Católica no Porto, integra o Centro de Investigação em Ciência e Tecnologia das Artes (CITAR), da Escola das Artes, o Centro de Investigação Interdisciplinar em Saúde (CIIS), do Instituto de Ciências da Saúde no Porto, e o Instituto de Bioética (IB). André Perrotta (CITAR/CISUC), Carla Pais Vieira (CIIS), João Amado (CIIS) e António Ferreira (IB) são os investigadores que constituem a equipa do ReliefPain.
André Perrotta, atualmente investigador integrado do CISUC e investigador colaborador do CITAR, afirma que “o impacto do projeto reside no facto de apontar resultados promissores para o desenvolvimento de protocolos de reabilitação de pacientes que sofrem de problemas neurológicos (por exemplo: paraplegia), utilizando tecnologias recentes.”
Tratamento para mais pessoas e a um custo mais acessível
O objetivo principal do projeto foi atingido, uma vez que se confirmou, através da aplicação num paciente real, a hipótese inicial de que um protocolo de neuroreabilitação que utiliza VR e BMI pode ajudar na melhoria dos sintomas da dor crónica em pacientes com lesão na medula espinhal. O projeto resultou em duas publicações em revistas de alto impacto, dois artigos numa conferência internacional e uma patente submetida e concedida.
Os investigadores explicam que este projeto abre portas à possibilidade do desenvolvimento de sistemas de neuroreabilitação portáteis, utilizando plataformas móveis (telemóveis, handheld-consoles), o que permitiria levar este tipo de tratamento para mais pessoas por um custo acessível. Os próximos passos? “Procurar novas fontes de financiamento e novos parceiros que permitam expandir o estudo para um maior número de pacientes,” referem.
O projeto, que teve uma duração de 3 anos, contou com uma equipa multi e interdisciplinar da Universidade Católica no Porto, combinando investigadores das áreas das Ciências da Saúde, das Artes e da Bioética, e, ao longo do seu desenvolvimento, também contou com investigadores de outras áreas como a Neurociência, o Desenho de Produto e o Desenvolvimento de Software. Para a equipa do ReliefPain trata-se de um projeto “com objetivos ambiciosos e complexos, que seria inatingível sem a colaboração de uma equipa verdadeiramente multidisciplinar.”