Carolina Costa tem 19 anos e é estudante da Licenciatura em Enfermagem do Instituto de Ciências da Saúde – Porto. Vai representar a Universidade Católica no Campeonato Europeu Universitário de Taekwondo, na Croácia, em julho de 2023. Pratica esta modalidade desde os 8 anos e explica que, para si, o desporto “é um refúgio, um lugar onde me consigo conectar comigo mesma”. Ser estudante e atleta em simultâneo? É “exigente”, mas “um caminho muito gratificante”. Boa sorte, Carolina!
O que é que existe em comum entre um enfermeiro e um atleta?
A disciplina. É essencial para quem está no Desporto e na Enfermagem. A disciplina é o lema do Taekwondo e na Enfermagem também é essencial, principalmente porque nesta profissão é preciso saber gerir muito bem o tempo, todos os procedimentos e ter-se muito rigor para que sejam feitos corretamente. Qualquer falha a este nível pode prejudicar o paciente e isso é a última coisa que queremos.
Quando é que começa a sua história com o Taekwondo?
Durante dez anos andei no ballet clássico. Houve um dia em que o meu pai me foi buscar ao ballet e me desafiou a ir experimentar um treino de Taekwondo, numa escola que era mesmo próxima de minha casa. Depois de ir experimentar já nunca mais saí. Comecei a sentir-me muito motivada e, posteriormente, também comecei a ir a competições. Entrar para a competição deu-me uma motivação e vontade extra e o ambiente que se vive nos treinos com a minha equipa foram os pontos determinantes para ter continuado até hoje nesta modalidade.
O que é o Taekwondo?
O Taekwondo é uma arte marcial de origem coreana que utiliza movimentos de ataque e de defesa com os pés e as mãos. A palavra Taekwondo significa “o caminho dos pés e das mãos”. Dentro desta modalidade existem duas vertentes: a da demonstração (poomsaes), pela qual eu vou competir e a do combate olímpico.
“Estou muito agradecida à Católica pela oportunidade que me deu de poder estar presente nesta competição.”
Que conquistas é que já tem colecionado nesta modalidade?
No ano passado e neste ano representei a Associação de Estudantes do ICS nos Campeonatos Nacionais Universitários, onde fui Campeã e Vice-Campeã Nacional Universitária, respetivamente. No ano passado também, fui a única atleta feminina do país a ser selecionada para ir ao Jogos Mundiais Universitários pela Seleção Universitária Portuguesa, mas que, infelizmente, acabou por ser adiado devido à situação pandémica que o país onde a competição ia ser realizada (China) estava a viver.
A próxima competição vai ser na Croácia. Vai estar em Zagreb, entre os dias 20 e 23 de julho, a representar a Universidade Católica no Porto no Campeonato Europeu Universitário.
É uma grande responsabilidade representar a minha Universidade nesta competição. É também um grande privilégio poder vestir a camisola da Católica. Estou muito agradecida à Católica pela oportunidade que me deu de poder estar presente nesta competição. Sinto-me confiante e motivada. Será a minha estreia num Campeonato Europeu Universitário e estou muito entusiasmada.
Qual é a importância do Taekwondo na sua vida?
O Taekwondo, para mim, é um refúgio. É um lugar onde me sinto verdadeiramente bem e onde também me consigo conectar comigo mesma.
Mente sã, corpo são …
Exatamente. Treino o corpo e a mente. Não é possível dissociar uma coisa da outra, porque estão verdadeiramente ligadas.
“Contactar desde cedo com a realidade profissional é muito positivo.”
Estuda Enfermagem no Instituto de Ciências da Saúde, no Porto. Porquê escolher Enfermagem?
Sempre soube que queria seguir a área da saúde. A Enfermagem surgiu quando me apercebi de que aquilo que me realizava era estar em contacto próximo com as pessoas, podendo ajudá-las nos diferentes momentos das suas vidas, sejam bons ou maus. O que me move é poder ajudar as pessoas e é estar em constante proximidade.
Porquê escolher a Católica para estudar?
As referências que eu tinha da Universidade Católica e do ICS-Porto eram as melhores. Uma amiga minha tinha terminado o curso de Enfermagem há pouco tempo e tinha tido uma ótima experiência. Senti-me logo muito animada com a possibilidade de vir cá estudar. E a motivação mantém-se. Fui muito bem acolhida e recebida.
“É um privilégio poder acompanhar e ajudar pessoas que precisam de cuidados.”
O que é que tem sido mais marcante até agora?
O ensino clínico logo desde o primeiro ano é uma grande mais-valia. Existe um ótimo equilíbrio entre a teoria e a prática. Contactar desde cedo com a realidade profissional é muito positivo. Desde cedo que nos começamos a questionar acerca do que gostamos mais ou menos e isso também nos faz ganhar mais confiança e independência. Também destaco o apoio e o exemplo dos professores. Ensinam-nos as melhores técnicas, ajudam-nos a estar à vontade e a relativizar os nervosismos iniciais de quem ainda vai fazer certos procedimentos pela primeira vez. No fundo, na Católica sinto-me sempre acompanhada e apoiada. Nunca estou sozinha.
Atualmente, está a frequentar o estágio de Medicina Interna no Hospital de São João, no Porto.
Tem sido incrível. Este é o meu segundo estágio deste ano, porque já estive também em Neurocirurgia no Hospital de Gaia. Experimentei dois mundos completamente diferentes, mas fascinantes. Estar em ambiente clínico é uma experiência muito completa a diferentes níveis. É o lugar onde mais sinto que cresço e que desenvolvo competências. Apesar de nem sempre serem ambientes fáceis, por diferentes circunstâncias, tenho-me sentido sempre muito acompanhada por todos os enfermeiros e orientadores. Há uma preocupação generalizada connosco que nos ajuda a sentirmo-nos bem e a estarmos sempre orientados e apoiados.
Como é o ambiente que se vive num hospital?
Acima de tudo, é muito desafiante. Agitado, stressante, há muita adrenalina. Mas o mais importante é que é sempre muito gratificante. É um privilégio poder acompanhar e ajudar pessoas que precisam de cuidados.
O que é ser enfermeiro?
Ser enfermeiro é estar incondicionalmente pronto para ajudar o outro, seja em momentos felizes ou momentos difíceis. Ser enfermeiro é estar sempre próximo.
“Tenho objetivos definidos e luto por eles.”
Cadeira preferida até ao momento?
Anatomia.
Como é que é conciliar os estudos com o desporto?
É exigente e, uma vez mais, exige muita disciplina. Já tive de abdicar de muitas coisas, mas é sempre por um bem maior. Tenho objetivos definidos e luto por eles. Não só no Taekwondo, mas em tudo na minha vida. É um caminho muito gratificante.
Como é que gere o nervosismo antes de começar uma prova?
Gosto de estar no meu canto, sozinha, a alongar e com phones a ouvir música. Um pop com uma boa batida dá-me a energia necessária!
Durante a prova há sempre espaço para um kiap?
Sim! (risos) Uma das coisas que mais gera curiosidade no Taekwondo é, precisamente, o grito que nós damos. Chama-se kiap e consiste num momento de libertação de energia. É uma forma de mostrarmos a nossa garra e força ao realizar um determinado movimento.
Pessoas em Destaque é uma rubrica de entrevistas da Universidade Católica Portuguesa no Porto.